Saúde mental e qualidade do sono entre estudantes de medicina durante a pandemia do COVID-19

prevalência e fatores associados

Resumo

Diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e a suspensão aulas presenciais e implementação do regime de ensino à distância (EAD) para o ensino superior como medida de distanciamento social, o presente estudo teve por objetivo, avaliar os impactos do distanciamento social e do EAD sobre a saúde mental e a qualidade do sono em estudantes de Medicina durante a pandemia da COVID-19. Realizou-se um estudo transversal por meio de questionários autoaplicáveis respondidos por acadêmicos do curso de Medicina de uma Universidade Pública no Estado de Goiás. O instrumento de coleta era composto de quatro partes: variáveis socioeconômicas descritivas, autopercepção da saúde, Self Report Questionnaire (SRQ-20) e Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg (IQSP). Dos 210 participantes, 138 alunos (65,7%) apresentaram pontuações sugestivas de sofrimento mental pelo SRQ-20; as mulheres apresentaram risco mais elevado quando comparado aos homens (mulheres 67,7% vs. homens 49%, p < 0.001). Quanto a qualidade de sono, 186 estudantes (88,6%) apresentaram má qualidade do sono pelo IQSP; não foram encontradas diferenças estatísticas entre os grupos avaliados nas variáveis sociodemográficas, entretanto, as mulheres apresentaram distúrbio de sono superior aos homens (mulheres 1,26 ± 0,06 vs. homens 1,35 ± 0,04, p < 0,05). As medidas de sofrimento mental correlacionaram-se positivamente com a qualidade do sono (r = 0,611, p < 0,001). Os dados do presente estudo sugerem que a população estudada apresenta índices elevados de sofrimento mental e baixa qualidade de sono e o sexo feminino parece ser um importante fator de risco.